Na época da chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500, a área hoje ocupada pelas comunidades da Maré era uma parte da Baía de Guanabara formada por praias, ilhas e manguezais. As praias tinham água e areia limpas, a mata fechada era intocada e os manguezais serviam como fonte de alimento para várias espécies animais, aves aquáticas, caranguejos e muito peixe e camarão. Até mesmo baleias nadavam tranqüilamente na Baía de Guanabara. Por contraste, a mesma área é hoje uma das mais poluídas da cidade.
A ação destruidora do homem começou com a extração do pau-brasil que, segundo os registros mais antigos, era abundante na região. Em nome do comércio da madeira nobre, os colonizadores arrasaram as matas, provocaram a fuga das tribos indígenas locais para o interior e para escoar os produtos explorados e cultivados na região, criaram o Porto de Inhaúma no século XVI. Ele se localizava onde hoje termina a Avenida Guilherme Maxwell, no cruzamento com a rua Praia de Inhaúma. O porto desenvolveu importante papel econômico e terminou seus dias abrigando a Colônia de Pescadores Z-6 que desapareceu nas primeiras décadas do século XX, após os sucessivos aterros na área.
Entre meados dos séculos XVII e XVIII, a região da Maré – também conhecida como "Mar de Inhaúma" – fazia parte da Freguesia rural de Inhaúma e integrava uma grande propriedade: a Fazenda do Engenho da Pedra. Sua terras abrangiam os atuais bairros de Olaria, Ramos, Bonsucesso e parte de Manguinhos. Hoje, onde seria a sede da fazenda restam apenas ruínas, que foram ocupadas pela Favela da Igrejinha, em Ramos.
A história da Maré urbana começa nos anos 40, com o desenvolvimento industrial do Rio de Janeiro veio um grande fluxo de migrantes nordestinos em busca de trabalho e que vieram a ocupar as regiões desprezadas pela especulação imobiliária, como encostas e áreas alagadas; no final da década de 40, várias palafitas - barracos de madeira sobre a lama e a água – ocupavam a região. Surgem focos de povoação onde hoje se localizam as comunidades da Baixa do Sapateiro, Parque Maré e o Morro do Timbau - única naturalmente de terra firme. As palafitas se estenderam por toda a Maré e só no início dos anos 80 foram erradicadas. A construção da Avenida Brasil - concluída em 1946 - foi determinante para a ocupação da área, que prosseguiu pela década de 50, resultando na criação de outras comunidades como Rubens Vaz e Parque União.
Nos anos 60, um novo fluxo de ocupação da Maré teve início. Durante o Governo Estadual de Carlos Lacerda (1961-1965), foram realizadas obras de modernização na Zona Sul da cidade com a consequente erradicação de favelas e remoção de sua população para regiões distantes do município.
A partir de 1960, moradores de favelas como Praia do Pinto, Morro da Formiga, Favela do Esqueleto e desabrigados das margens do rio Faria-Timbó foram transferidos para habitações "provisórias" construídas na Maré, daí surgiu a comunidade de Nova Holanda.
Até o início dos anos 80 a Maré das palafitas era símbolo da miséria nacional, e foi nesse período que se iniciou a primeira grande intervenção de um Governo Federal na área - o Projeto Rio - que aterrou parte das regiões alagadas e transferiu os moradores para construções pré-fabricadas: as comunidades da Vila do João, Vila do Pinheiro, Conjunto Pinheiro e Conjunto Esperança. Nos anos 80 e 90, também foram construídas as habitações de Nova Maré e Bento Ribeiro Dantas para transferir moradores de áreas de risco da cidade. Já a pequena comunidade inaugurada em 2000 pela prefeitura e batizada pelos moradores de Salsa e Merengue é tida como uma extensão da Vila do Pinheiro.
Em 1988, foi criada a 30ª Região Administrativa, abarcando a área da Maré. A primeira R.A. da cidade a se instalar numa favela marcou o reconhecimento da região como um bairro popular.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
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